meu lugar

meu lugar
meu esconderijo

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

“Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.” John Donne.
Hola a todos, reenviamos la convocatoria que han planteado organizaciones de trabajadores y usuarios en apoyo a la ley de salud mental y su sanción en senado. Los esperamos y agradecemos su colaboración en la difusión.
Gracias,
Despacho Dip. Gorbacz

ABRAZO AL CONGRESO

Martes 01º de Diciembre

15.30 hs

Esquina Entre Ríos e Hipólito Yrigoyen

APOYAMOS la LEY NACIONAL de SALUD MENTAL y DDHH

Expediente 0126-D-09

El derecho a recibir atención integral de la salud mental es una cuestión de Derechos Humanos.

El actual proyecto es el resultado de un proceso de intercambios, consensos, discusiones, errores y aprendizajes, transitado a lo largo de los últimos tres años con la Secretaría de Derechos Humanos de la Nación, con el ámbito académico de diversas Universidades, con Direcciones de Salud Mental de varias Provincias, con instituciones de Salud Mental, con servicios públicos de Salud Mental, con organizaciones de usuarios y de familiares, con organizaciones sociales, con miembros del Poder Judicial.

El cambio de paradigma que reconoce el derecho a recibir atención integral de la salud mental, desde una perspectiva intersectorial e interdisciplinaria, se inscribe como un derecho humano fundamental para todas las personas, y resulta así legitimado en el proyecto.

La propuesta aprobada en Diputados avanza en la adecuación de la legislación interna a los estándares internacionales de derechos humanos, incluyendo la recientemente aprobada Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad de Naciones Unidas y cumple con la inaplazable sanción de una ley marco de salud mental que fija un piso mínimo de derechos y garantías del debido proceso para todas las personas y en todo el país.

Las siguientes personas y organizaciones celebran la reciente media sanción, aprobada por unanimidad en la Cámara de Diputados e instan a los Senadores y Senadoras de nuestro país a convertirla en ley con la premura importancia que merece.

Adolfo Pérez Esquivel, Secretaría de DDHH de la Nación, CELS, APDH, SERPAJ, Hebe de Bonafini (Asociación Madres de Plaza de Mayo) Marta Vázquez (Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora); Espacio Carta Abierta; Familiares de Desaparecidos y Detenidos por Razones Políticas, Buscarita Roa (Abuelas de Plaza de Mayo), Asociación de Ex Detenidos-Desaparec idos; Comité Contra la Tortura de la Comisión Provincial por la Memoria; Cátedra de Salud y DDHH de la Facultad de Medicina de la UBA; Alicia Gillone (Comisión de Salud APDH); Comisión de DD.HH. Uruguayos en Argentina, Dirección Salud Mental- Pcia. de Buenos Aires; Dirección Protección-Secretari a Derechos Humanos- Pcia. de Buenos Aires; diputada Laura Berardo; Colectivo 448; COGESAM; Mesa de DDHH y Salud Mental de Córdoba; Secretaria de Salud y Dirección Provincial de Salud Mental-Pcia.de Santa Fe, ATE-Capital Federal; ATE-Córdoba; Subsecretaría Promoción de la Igualdad y Calidad Educativa, Pcia. de Córdoba; Dirección Derechos Humanos de las Minorías y Lucha contra la Discriminació n-Pcia.de Córdoba; Coordinación Provincial Salud Mental Comunitaria, Pcia. Río Negro; Secretaria de Salud Pública y Coordinación de Salud Mental de Rosario; Dirección de Salud Mental de la Pcia. de Catamarca; Graciela Livovsky de Seppi, Ministerio Salud Pcia. de la Rioja, Sara Slapak (Decana Fac.Psicologí a UBA), Edith A. Pérez (Decana Fac.Psicologí a,UNLP), Federico Shuster y Damián Loreti (Decano y Vice Decano Fac.Sociales UBA), Emiliano Galende (Doctorado Univ.Lanús), Alicia Stolkiner (Univ. Lanús y UBA); Vicente Galli, (Fac.Medicina UBA); Gregorio Kazi (Cong. Salud Mental y DDHH,UPMPM), Mabel Grimberg (Inst.Antropologí a Fac.Filosofía, UBA); Inés Vázquez, (Rectora Univ. Popular Madres Plaza de Mayo), Hugo Spinelli (Maestría Salud Comunitaria, UNL); Ana Arias (Decana electaTrabajo Social,Fac.C.Sociales, UBA),Juan C.Domínguez Lístalo (Univ.Nac.LaPlata); Edgardo Ignacio Binstock, (Subsecretario Atención a las Adicciones, Pcia. Buenos Aires); Maricel Eiriz (Dir. Infancia y Adolescencia Tierra del Fuego); Francisco Leone (Subsecretario Salud Pcia. Tierra del Fuego); Foro Instituciones y Profesionales Salud Mental -Ciudad de Buenos Aires; Secretaría de Derechos Humanos de la CTA; Asociación de Reducción de Daños en la Argentina, Asociación Civil Intercambios; Silvia Faraone; Yago Di Nella; Frente de Artistas del Borda; Asociación Argentina de Psiquiatría y Psicología de la Infancia y la Adolescencia; Radio La Colifata; Médicos del Mundo; Alejandra Barcala; Nora Salas; Asociación por los Derechos en Salud Mental (ADESAM); Angel Barraco ; Colegio Psicólogos Pcia. Salta; Colegio Psicólogos Pcia. de Tucumán; Asociación Argentina de Salud Mental; Asociación de Profesionales del Centro de Salud Mental “Arturo Ameghino”; Victoria Cohen; Asociación de Psicólogos de Buenos Aires; Psicólogos y Psiquiatras de Buenos Aires (PPBA); Movimiento de Ocupantes e Inquilinos y Programa de Integración Comunitaria de personas con padecimientos mentales; Foro de Jubilados y Pensionados por la Seguridad Social; FORUM ADD; Beatriz Janin; Roxana Amendolaro; Red por los Derechos de las Personas con Discapacidad; Revista Topia; Red Internacional de Buenas Prácticas en Salud Mental y Salud de Base- Filial Argentina; Red Nacional de familiares, Usuarios y Voluntarios; Itzhak Levav; Franco Rotelli, Mario Reali, Giuseppe Dell’Acqua, Roberto Mezzina, Trieste- Italia; Diana Mauri-Università di Milano Bicocca; Thomas Emmenegger, Direzione Servizi Psicosociali, Lugano, Organizzazione Socio Psichiatrica del Canton Ticino, Suiza. Isabel Marazina, (Laboratório de Saúde Mental Comunitária., Univ. SaoPaulo; Sandra Fagundez (Univ.Rio Grande do Sul), Brasil. Continúan las firmas.




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A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita. (Mahatma Gandhi)

domingo, 29 de novembro de 2009

Espaço de trocas, lutas e afins, o Chá na Concha encerra a primavera com desejo de fechar um ciclo pra recomeçar: com outras formas, em outros espaços (temos o infinito....)

O coletivo De Lírios anuncia um fim que sugere um novo começo.

Será o último n.° do fanzine De Lírios? Será o último Chá na Concha???

Quem vier, viverá!!!

Muito sonho e sol ao som do mar e da música sentida e cantada por quem quiser tocar e escutar.

Poesias, cores e tintas para acordar e expor os artistas que somos.

Muita vida pra sorrir, muita história pra contar e trocar.

Compartilhar delírios, flores, canções, alimentos, sorrisos e o que mais você quiser trazer.

Esperamos por você!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Resposta de um fisioterapeuta ao ATO MÉDICO!

"Caros senhores favoráveis ao Ato Médico,
Se o grande problema é "prescrever" , por favor, preciso que me prescrevam um tratamento fisioterapêutico para um paciente de 45 anos com uma tendinopatia crônica do tendão do músculo supra-espinhoso, apresentando calcificação no tendão. Ele apresenta história ocupacional de trabalho com elevação dos >membros superiores acima do nível da cabeça (é vendedor de loja de roupas).

Como é ex-jogador de voleibol, desenvolveu lesão do nervo supra-escapular, >que culminou numa atrofia do músculo infra-espinhoso. Devido a distúrbios hormonais, desenvolveu osteoporose. Na avaliação, apresentou restrição da mobilidade da cápsula posterior do ombro, fraqueza dos músculos rotadores internos do úmero (grau 3), além de fraqueza de serrátil anterior e trapézio
fibras inferiores (graus 4 para os dois músculos). A articulação esterno-clavicular também tem sua mobilidade diminuída.

O que devo fazer, Dr.? Como posso fazer para restaurar a mobilidade da articulação? O que é mais indicado: mobilização articular ou alongamento? No caso de ser mobilização, que grau devo utilizar? No caso de ser alongamento, é preferível o alongamento ser estático ou balístico? Ou seria melhor utilizar de contração-relaxamento ? Qual o tempo adequado de manutenção do
alongamento? Ou será que é tudo contra-inidcado, devido à osteoporose?

Com relação ao fortalecimento dos rotadores internos do úmero, qual exercício seria mais indicado para fortalecer o músculo sub-escapular, importante na estabilização dinâmica da articulação gleno-umeral? Devo usar thera-band, halteres, resistência manual ou simplesmente realizar exercícios ativos livres?
Com relação ao serrátil anterior qual exercício seria mais indicado?
Push-ups? Protração resistida? Exercícios ativos apenas, simulando atividades funcionais e procurando evitar movimentos escapulares anormais?
Tudo isso? Nada disso? E se ele utilizar de compensações para a realização dos exercícios, como devo proceder?

Com relação ao trapézio inferior, é melhor fazer o exercício contra ou a favor da gravidade? Devo ou não utilizar de movimentos ativo-assistidos?
Qual o melhor exercício? Existe tal exercício?
No caso da restrição da articulação esterno-clavicular, é necessário corrigir essa alteração de mobilidade? Se for, é possível corrigí-la? Como proceder. Tem contra-indicaçõ es ou precauções?

Não podemos esquecer de tratar também o tecido lesado (tendão do supra-espinhoso) . Ele apresenta dor moderada ao elevar o membro superior D acima de 90 graus, que diminui a praticamente zero ao abaixar o braço. É necessára analgesia? Se for, que forma TENS? Qual a modulação (frequência, comprimento de onda, duração e intensidade) ? Ou será que crioterapia é melhor? Em qual forma de aplicação? Por quanto tempo? Ou será que nenhuma analgesia é necessária?
O que posso fazer para estimular o reparo do tendão? US q(uantos MHz? Quantos W/cm2? Por quanto tempo? Onde aplicar?), Laser (qual a intensidade? duração? tem contra-indicaçõ es?), exercícios (excêntricos, concêntricos, isométricos, resisitidos, livres? quantas séries e repetições? Qual o intervalo entre séries? Quantos RM? Devo fazer todos os dias ou não? É
contra-indicado exercício?).
Como posso fazer um exercício para supra-espinhoso?
Por favor, repassem essa mensagem com urgência para todos os médicos com competência para me ajudar, pois estou com o paciente afastado do trabalho por invalidez e continuo aguardando a "prescrição médica da fisioterapia" , já que sem a "prescrição médica", segundo o ato médico, não posso fazer nada $e nós todos os brasileiros, inclusive os médicos estamos pagando para ele não trabalhar. Não deixemos esse afastametno virar aposentadoria!
Concluindo: Sim ao ato médico, desde que os médicos estudem na faculdade todo o conteúdo que outras 13 profissões da área de saúde têm em seu currículo.

Marco Tulio Saldanha dos Anjos
Fisioterapeuta
CREFITO-4 51246-F

domingo, 4 de outubro de 2009

Sentirei muitas saudades de sua força, sua voz...
nunca esquecerei sua mensagem...
Hoje, 04 de outubro, La Negra morreu...
Mercedes Sosa agora está ao lado dos seus companheiros de luta por uma sociedade mais justa!
Manda um abraço para Victor Jara, John Lennon, Woody, Janis e tantos outros....

sábado, 26 de setembro de 2009

A Ilha da Fantasia virou bizarria!!!

Houve numa época distante, há muitos e muitos anos, num reino hoje também distante, a idéia de que viver na praia, local bonito e de gente despojada era o máximo. Seus habitantes até agora tem a idéia de que são melhores e mais felizes do que os moradores do resto do mundo...
Nesse reino há um belo e extenso jardim, alardeado como recebedor de prêmios por ser tão lindo e majestoso. Pessoas não devem tomar sol em seus gramados e crianças não podem dar cambalhotas no seu perímetro... ele é tão lindo na sua redoma quanto esta ilha!
`As vezes, alguns desavisados saem dos limites da ilha e vasculham o mundo. Normalmente se surpreendem pela beleza do céu azul e alto que domina nas outras paragens. Os jardins longe da ilha são infestados de mesas para picnics e lugares para deitar. As crianças correm e brincam sem parar em gramados não premiados.
Mas o assunto não era o jardim.
Em uma visita feita à ilha, um de seus filhos pródigos pensou em passar um dia relaxante à beira-mar. Acordou cedo e quis ir caminhar na praia, pois nos aposentos onde se encontrava não poderia fumar seu velho cachimbo paiacã (Mesmo estando sozinho e fechado, o bicho da alma e rosto feios não permite esse tipo de coisa).
Se preparou e ao sair na rua se deparou com o grande feitor, ex-prefeito e agora ex-bigodudo, dono da cidade, e de fazendas, e de empresas e sabe-se lá mais do que, sorrindo e acenando para todos. Os habitantes da ilha adoram suas autoridades e se sentem muito importantes quando recebem um aceno assim. Para o visitante, nesse momento forasteiro, um frio na espinha foi a sensação mais clara. " -Ai! Será que o Sr. Bigode vai sorrir para mim? Demorei dois anos para sarar da azia que seu último sorriso me causou....".
Sentou-se na beira do mar e acendeu seu cachimbo, mas não deu nem a primeira baforada, pois na ilha, apesar do mar, sempre chove. A maioria dos seus dias são cinzentos. Desistiu! Foi buscar o carro e tentar fumar seu cachimbo passeando pela orla (tão majestosa quanto o jardim)!
Trânsito, tráfego intenso... na ilha todos têm carro, apesar de plana e pequena, ninguém gosta de andar...
Foram cachimbadas amargas... Não reabasteceu o tambor do cachimbo. Foi embora deixando prá trás jardim, praia, tucanos e bigodes!!!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Que medo do Serra!

Vou recapitular o assunto: no Brasil, a longa trajetória do movimento sanitarista na década de 70, foi palco para a criação do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental - MTSM, que protagonizou as discussões pela Reforma Psiquiátrica Brasileira e foi compartilhada por amplos setores da sociedade civil pela luta a favor da democratização. Em 1986 foi inaugurado o primeiro serviço substitutivo ao manicômio do Brasil: o Centro de Atenção Psicossocial Professor Luiz da Rocha Cerqueira, conhecido como “Caps Itapeva”, no município de São Paulo e o MTSM é renomeado de Movimento Por Uma Sociedade Sem Manicômios.

Em 1988 foi promulgada a nova constituição e então criado o novo sistema de saúde brasileiro – o Sistema Único de Saúde – o SUS, regulamentado através das Leis Nº. 8080 de 19/09/1990 e Nº. 8142 de 28/12/1990.

A Reforma Psiquiátrica Brasileira baseia-se no modelo italiano de “Desinstitucionalização”, onde o foco não é mais a “cura” do paciente e sim possibilitar a sua reprodução social. Um exemplo foi o fechamento da Casa de Saúde Anchieta, em 1989, no município de Santos – SP, conhecida na época como “A Casa dos Horrores”. Que depois de 08 anos de um trabalho na área, exemplo internacional, começou a ser sucateado pelo poder municipal. Hoje o município tem um serviço de saúde mental que se mantém “male e male”, apenas pela garra dos seus poucos servidores, que não desistem dos ideais do SUS.

Voltando à história: a transformação na regência da Saúde, com novas diretrizes e fundamentos, proporcionou a estruturação de uma nova ideologia para a Saúde Mental. Nesta nova ideologia os parâmetros recomendados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), contidos na Declaração de Caracas, redireciona o atendimento, substituindo a política do isolamento e do abandono advindos do modelo hospitalocêntrico (internações em manicômios ou clínicas), pela criação de novos dispositivos baseados na teoria de reabilitação psicossocial.

Com essa mudança e a partir da Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei Nº 10.216 de 06/04/2001, foram criados os dispositivos que substituíram a prática asilar.

Essa nova rede vem sendo estruturada desde então, através da criação de novos serviços em saúde mental, sempre visando à atenção comunitária, pública, de base territorial, com a humanização no contexto dos leitos hospitalares, valorizando ações que ampliem a autonomia do seu usuário, melhorem as condições concretas da vida e propiciem sua inserção social, com o uso de ferramentas como a escuta, o projeto terapêutico individual e o acompanhamento familiar no território de conhecimento do indivíduo.

Dentro da nova legislação, o acompanhamento deve ser feito nos Caps – Centros de Atenção Psicossocial, Residências Terapêuticas, Ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde e nos Centros de Convivência. As internações, quando necessárias, são de curta duração e feitas em hospital gerais ou nos próprios Caps 24 horas, classificados como Caps III pelo Sistema Único de Saúde. Os leitos em hospitais psiquiátricos devem ser progressivamente substituídos por essa rede até a sua extinção.

O movimento continua construindo o novo modelo de atenção em saúde mental, apesar das dificuldades de lutar contra o poder médico, hospitalar e farmacêutico, que articulam politicamente para o financiamento da saúde privada e o sucateamento do serviço público.

A grande novidade é o AME do Serra...

... promete pílulas mágicas contra a loucura e no caso de um não funcionamento satisfatório, leitos em hospitais. Com isso, a idéia da reabilitação psicossocial, autonomia, a construção da convivência social com a diversidade, a valorização da relação humana e apoio familiar, desaparecem.

É realmente muito difícil estar numa sociedade fascista como a paulista, que promove ideais de preconceito tão descaradamente, dizimando todos que lutam por uma sociedade democrática, livre de preconceitos e que respeite o ser humano.

Faço aqui minha denúncia e demonstro minha indignação!

Sem mais delongas e com um enorme desejo que abram a temporada de caçada aos “tucanos”,

Ana Carolina Agapito – Defensora do SUS e Terapeuta ocupacional.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Cura da Loucura ou A Loucura da Cura - Daniel Augusto Fernandes

daftm1@gmail.com

“A única diferença entre um louco e eu,é que eu não sou louco.”Salvador Dali
Nos últimos dez anos, o problema da instituição psiquiátrica tem sido discutido por diversos setores da sociedade brasileira. Tendo se iniciado com um posicionamento dos trabalhadores de saúde mental, em 1987 nasce o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, se posicionando no sentido de negar o manicômio como forma de tratamento e de propor novas alternativas terapêuticas ao indivíduo portador de transtornos psíquicos. A partir de então, tem participado de iniciativas políticas de elaboração e discussão de Projetos Legislativos e, em âmbito executivo, de ações governamentais em tentativas de se criar políticas de saúde mental que prestem ao portador de transtornos psíquicos o respeito e cidadania que merecem. Além disso, temos recebido a publicação de livros discutindo aspectos jurídicos e técnicos da loucura recolocando questões como a da imputabilidade e das internações involuntárias em manicômios judiciários,
“uma instituição dividida entre a saúde e a justiça, entre o tratamento e a penitência – dicotomia radical responsável por discussões que ultrapassam as questões acerca dos direitos e deveres do Estado ou de cada sujeito. São questões que envolvem a vontade, o desejo, as possibilidades e os limites do sujeito.” (Battaglia, 1999, p. 18)
Por outro lado, percebemos que a população em geral ainda não conhece os termos tão bem discutidos a nível técnico. Ainda é difícil para pessoas que não vivem com a loucura dentro do círculo familiar aceitar idéias como a do fim do manicômio. A instituição da sociedade que poderia e deveria funcionar como meio de comunicação tem passado informações, no mínimo, equivocadas em relação ao tema. Se no início do movimento antimanicomial a imprensa teve um papel fundamental ao veicular histórias e imagens da barbárie que acontecia dentro dos muros do hospício, hoje tem contribuído para uma grande confusão de conceitos fora destes muros. Temos assistido paulatinamente a matérias que apresentam psicopatas como o ‘Maníaco do Parque’ e o ‘Estudante do Cinema’ como doentes mentais que apenas “fomentam a desinformação e reforçam preconceitos que atingem milhões de portadores das mais diversas doenças mentais de natureza não agressiva e anti-social” (Barros, 1999).
É na tentativa de ser uma contribuição a discussão antimanicomial e de, ao mesmo tempo, chamar a academia a assumir sua posição de formadora de opinião, que apresentamos esse trabalho. Pretendemos mostrar como a história do movimento esteve ligada e tem suas semelhanças com a história da psicanálise e a ajuda que a psicanálise presta a formação de significado da experiência do louco. Mas, antes disso, voltemos a quem é, na atualidade, base teórica para toda discussão acadêmica sobre loucura.
Michel Foucault (1926-1984), em seu História da Loucura na Idade Clássica (1972) nos mostra como a loucura substituiu a lepra como principal objeto de exclusão e supressão de elementos desta sociedade. Precisava-se de outro fenômeno que seria seu novo ‘bode expiatório’.
“Esse fenômeno é a loucura. Mas será necessário um longo momento de latência, quase dois séculos, para que esse novo espantalho, que sucede à lepra nos medos seculares, suscite como ela reações de divisão, de exclusão, de purificação que no entanto lhe são aparentadas de uma maneira bem evidente. Antes de a loucura ser dominada, por volta da metade do século XVII, antes que se ressuscitem, em seu favor, velhos ritos, ela tinha estado ligada obstinadamente, a todas as experiência maiores da Renascença.” (Foucault, 1972, p. 8)
Foucault, então, passa a descrever notoriamente um objeto do universo imaginário do homem renascentista, a Nau dos Loucos. Toda a realidade e simbolismo da Nau dos Loucos é apontada para o caráter desconfortante e sempre presente do louco na Renascença. Mas não é esse o enfoque que queremos dar ao simbolismo renascentista.
Foucault cita um quadro de Hieronymus Bosch
[1][1] baseado nesta concepção da Nau dos Loucos e outro quadro chamado A Cura da Loucura (1475-1480). O subtítulo do segundo, Extração da Pedra da Loucura, faz referência a um
“recurso ‘terapêutico’ razoavelmente comum na Idade Média. Entretanto, Bosch pintou uma flor como o objeto que está sendo removido. A flor é uma tulipa que, nos Países Baixos é uma metáfora para ser louco. É comum para alguém em estado de loucura ser chamado de ‘cabeça de tulipa’.” (Web Gallery of Art, 1996)
Gostaríamos de usar essa imagem para ilustrar nossa discussão da loucura como não sendo uma doença e da tese que a busca pela ‘cura’ da loucura nos afasta de outro aspecto: que a loucura já contém em si a própria cura.
‘Formas de tratamento’ como a do quadro não foram específicas de seu tempo como sabemos por diversas descrições do interior dos manicômios. Hoje, não se tenta ‘tirar pedras da loucura’, mas pode-se dizer que ‘joga-se pedras’ na cabeça dos loucos com os tratamentos a base de neurolépticos (sedativos do Sistema Nervoso Central), eletrochoques (verdadeiros ‘curtos-circuitos’ cerebrais), insulinoterapia (deixa o paciente em coma) e ‘em último recurso’ a lobotomia, como se a morte, destino da maioria dos internos, não fosse o último recurso’. Já passamos por várias tentativas de se reformar a instituição psiquiátrica e continuamos a buscar as causas das tais doenças mentais. Tem-se usado o fato de medicamentos tornarem a vida dos ‘doentes’ mais tolerável como argumento de que existe uma causa orgânica para todos os males mentais e que é apenas uma questão de tempo para se chegar a tais causas. Mas, tais medicamentos apenas atuam sobre efeitos do efeito e na maioria dos casos apenas aliena mais ainda a personalidade do indivíduo quando não a nega totalmente, no caso da ‘terapêutica’ do manicômio.
Mas, nem sempre foi assim. No mundo antigo e ainda na Idade Média “o louco era alvo de certo temor, de um terror sagrado. [...] Até ao Século da Razão, a loucura encontrava-se mais ou menos associada à vida pública ou, em rompimento com esta, associada a uma ordem sagrada” (Bosseur, 1976 [1974], p. 26). Sabemos por Foucault, como já havíamos dito, que essa perspectiva se altera no séc. XVII quando são criadas as primeiras instituições asilares onde os párias da sociedade, incluindo-se ali os loucos, eram presos. Com a Revolução Francesa (e todo o seu contexto político), aparece Philippe Pinel e seu ‘tratamento moral sem correntes’, mas ainda cerrados dentro dos muros do manicômio.
Apenas no século XIX surge a psiquiatria.
“Kraepelin [1856-1926] vai apresentar [1893-1899] ... minuciosas descrições clínicas de jovens esquizofrênicos (o termo ‘esquizofrenia’, aliás, só será proposto mais tarde, por Bleuler, em 1911) [...]: perturbações da associação de idéias (dissociação, discordância), da afetividade (desestima, indiferença) e dos contatos com o mundo exterior (recusa de contato, autismo). [...] A psiquiatria clássica ainda se refere a essas noções.” (Bosseur, 1976 [1974], p. 27)
Com o surgimento da psicanálise, muito do que era considerado ininteligível ou simplesmente ignorado pela ciência médica da época foi levado a sério por Freud. Ele tentava compreender o significado dos sintomas histéricos, de fobias e neuroses. “Uma série de fenômenos de nossa vida psíquica adquiria sentido: os atos falhos, os esquecimentos, os sonhos. O inconsciente impunha-se como um outro componente do nosso psiquismo – tal como a dinâmica libidinal” (Bosseur, 1976 [1974], p. 94).
É aqui que podemos apontar para algumas semelhanças da história da psicanálise com as origens do Movimento Antimanicomial. Este movimento está intimamente ligado com o trabalho de Franco Basaglia na Itália e este se identifica com todo um ‘discurso antiinstitucional, antipsiquiátrico (isto é, antiespecialístico)’ (Basaglia, 1985 [1968], p. 9), mas vai além desse como o próprio Basaglia alerta em seu A instituição negada. Mas a importância do movimento antipsiquiátrico é sempre citada por todos que se aventuram pelos conceitos e terapêuticas da loucura. Em Introdução a Antipsiquiatria, Chantal Bosseur afirma ‘o método de Freud e o dos antipsiquiatras têm numerosas analogias” (Bosseur, 1976 [1974], p. 94). O que Freud fez com os histéricos, os antipsiquiatras fizeram com os esquizofrênicos. O meio médico não suportava, ou mais, não procurava compreender os histéricos. A família, a comunidade e o meio médico suportam tão mal os psicóticos, e quando o suportam, não o compreendem. Os antipsiquiatras passaram a levar a sério e procurar entender sua experiência (conceito fenomenológico fundamental para se entender o trabalho dos antipsiquiatras se contrapõe ao conceito de comportamento da psicologia experimental).
Segundo Bosseur, os principais representantes da antipsiquiatria inglesa, Ronald Laing, David Cooper e Esterson se submeterama psicanálise, mas não se tornaram psicanalistas (Bosseur, 1976 [1974], p. 49). Mesmo com todas as críticas que fazim direcionadas a psicanálise, principalmente quando ligada a psicopatologia, o método de Freud os influenciou profundamente. A teoria passa por um reexame, mas não é rejeitada, por outro lado, o processo de ‘cura’ analítica, pelo caracter dialético da transferência, será sempre usado por Laing. A articulação entre Freud e Laing é feita principalmente por Malanie Klein e sua escola. A compreensão das psicoses de adultos tornava-se possível graças às descobertas feitas a partir da psicanálise de crianças.
Freud evitou ao máximo entrar na teorização sobre as psicoses, mas quando Jung (1912) questionou a aplicabilidade da teoria da libido para explicar as doenças como a esquizofrenia ele se viu “obrigado a entrar nessa última discussão, da qual gostaria de ter sido poupado” (Freud, 1914, p. 96). Em seu artigo Sobre o Narcisismo: Uma Introdução, apresenta o conceito de narcisismo para explicar o afastamento por esquizofrênicos da realidade. Um narcisismo primário e normal que seria o complemento libidinal do egoísmo devido ao instinto de autopreservação. Freud afirmava que parecia que o parafrênico (termo preferido por ele aos esquizofrêncicos) retirava sua libido de outras pessoas e coisas do mundo externo, sem substituí-las por outras nas fantasias. Em conseqüência deste desvio de seu interesse do mundo externo, eles “se tornam inacessíveis à influência da psicanálise e não podem ser curados por nossos esforços” (Freud, 1914, p. 90). Entretanto, neste artigo tão importante para o desenvolvimento da teoria freudiana ele reconhece que este afastamento ainda precisaria ser melhor caracterizado. Uma década depois, Freud escreve dois artigos, Neurose e Psicose e A Perda da Realidade na Neurose e na Psicose, onde aprofunda na etiologia das psicoses e neuroses e na diferenciação entre as duas.
Como comentamos acima, os antipsiquiatras contestam esse caráter patogênico. Todas as grandes figuras deste movimento tinham um histórico de questionamento político e humano:
“Todos os contestadores eram, aliás, marcados por uma trajetória que ia da luta anticolonial ao transculturalismo, passando pelo engajamento militante. Gregory Bateson era antropólogo, David Cooper era psiquiatra e havia combatido o apartheid na África do Sul, Franco Basaglia era membro do Partido Comunista Italiano. Quanto a Ronald Laing, havia se tornado psicanalista depois de ter praticado a psiquiatria na Índia, no exército britânico.” (Roudinesco (org.), 1994, p. 12)
Foucault, por outro lado, era um teórico, um filósofo, nunca havia vivido entre os loucos, mas compartilhava com os antipsiquiatras da idéia que os loucos não sofrem de uma doença mas sim, de opressão de uma sociedade que não os compreende.
“Para esses rebeldes, a loucura não era absolutamente uma doença, mas uma história: a história de uma viagem, de uma passagem ou de uma situação, das quais a esquizofrenia era a forma mais aperfeiçoada, poque traduzia em uma resposta delirante o desconforto de uma alienação social ou familiar.” (Roudinesco (org.), 1994, p. 12)
Ao longo dos anos após sua publicação, o livro de Foucault foi alvo de inúmeras críticas. Psiquiatras, psicólogos e historiadores da psicopatologia não aceitavam a idéia de verem um de seus principais objetos de estudo ser descrito não como “um fato de natureza mas de cultura” (Roudinesco (org.), 1994, p. 15). Porém, várias destas discussões apresentaram argumentos importantes ao conceito de loucura. Filósofos e historiadores apresentaram argumentos interessantes quanto a visão de Freud na obra de Foucault. No livro Foucault: leituras da história da loucura são reunidos ensaios apresentados no IX Colóquio da Sociedade de História da Psiquiatria e da Psicanálise, que teve como tema a História da loucura, trinta anos depois. Nele podemos verificar uma parte da controvérsia em torno do Cogito de Descartes, centrada principalmente na figura de Jacques Derrida e a contribuição do próprio Derrida ao colóquio, desta vez, não mais sobre o Cogito mas sobre as visões de Freud e da psicanálise na obra de Foucault.
Um nível além da discussão sobre Foucault e em conjunto com os antipsiquiatras vem a possibilidade de cura da loucura. Quando se acredita que a loucura é um sintoma de uma alteração biológica inerente a pessoa, a cura é uma impossibilidade virtual. Concordamos que uma parte das pessoas com distúrbios psíquicos realmente sofem uma alteração do Sistema Nervoso, quando esta é presente ou latente desde o nascimento. Nestes casos poderíamos até mesmo falar de cura, quando lembramos o quanto o cérebro pode ser desenvolvido e modelado pela aprendizagem. Talvez, então, não seriam tão inacessíveis assim a psicanálise e a (re)-construção psíquica de si mesmos.
Mas, tão ou mais importante que as alterações biológicas são os casos nos quais a psicose é uma reação do indivíduo a uma realidade sufocante e alienante. Nos estudos apresentados pelos antipsiquiatras verifica-se que a chamada ‘doença mental’ poderia ser muito bem compreendida como uma reação a um ambiente que poderíamos dizer mais ‘doente’ que o ‘doente mental’. Podemos perceber aqui como esta reação é perfeitamente inteligível dentro do sistema e pode atuar como a ‘cura’ de um processo anterior que poderia ser considerado patogênico. Certamente neste tipo de estudo a contribuição da psicologia sistêmica seria muito apreciada para se estudar o desenvolvimento do indivíduo e do microcosmo familiar enquanto sistemas.
Esta tese não corrobora, muito antes pelo contrário, a tese que os ‘doentes mentais’ não tem responsabilidade por seus atos. Seguindo os preceitos de Thomas Szasz, os psicóticos que infrigem a lei o fazem tendo consciência de seus atos. É a motivaçãomoral e legal que os levou a cometer um crime que deve ser julgada pela sociedade.
Nesta mesma perspectiva, da loucura como cura, não podemos deixar de comentar a abordagem deste fenômeno feita pela psicologia transpessoal. Integrando conceitos da antropologia, da tanatologia, mitologia e religião comparada, sua prática diária envolve estados mentais incomuns que a psiquiatria tradicional diagnostica e trata como distúrbios mentais.
“Quando entendidas adequadamente e tratadas de maneira compeensiva, em vez de suprimidas pelas rotinas psiquiátricas padronizadas, essas experiências podem ter um efeito de cura e produzir efeitos benéficos nas pessoas que passam por elas. Esse potencial positivo é expresso pelo termo emergência espiritual, que é um jogo de palavras, sugerindo tanto uma crise [emergência no sentido de ‘urgência’], como uma oportunidade ascensão a um novo nível de consciência [emergência como ‘elevação’]”. (Grof & Grof, 1989, p. 11)
Ao que tudo indica, o tema loucura ainda será objeto de acaloradas discussões filosóficas, políticas e técnicas. A Universidade pode e deve contribuir para maior elucidação neste campo. Um esforço conjunto da área psiquiátrica, psicanalítica e psicológica é essencial para a compreensão deste fenômeno tão presente em nossa vida, que quanto mais energia gastamos para recalcá-lo maior é a força com a qual retorna.